Mais de um bilhão de pessoas no mundo dependem da floresta como meio de vida – seja na forma de emprego, alimentação, combustível ou necessidades materiais. No Brasil, um país florestal por natureza, nossas árvores podem gerar riqueza e emprego para a nossa população, com o fomento de uma economia florestal com produtos madeireiros e não-madeireiros. Além disso, as árvores são extremamente importantes para manter o meio ambiente saudável, protegendo o solo, as águas e regulando o clima do país e do planeta.
Apesar desse potencial, o Brasil ainda tem uma grande quantidade de áreas degradadas. As estimativas variam entre 30 milhões de hectares (equivalente a pouco mais que a área do estado do Rio Grande do Sul) a 100 milhões de hectares (equivalente a pouco menos que a área do estado de Mato Grosso). São áreas improdutivas ou de baixa aptidão agrícola e que não desempenham seu papel produtivo e ecológico.
A restauração de paisagens e florestas pode recuperar essas áreas degradadas, tornando-as produtivas e geradoras de serviços ambientais através da recuperação de suas funções ecológicas. Áreas restauradas beneficiam os produtores rurais com diversificação da produção de alimentos, produção de madeira, produção de frutas, sementes e fármacos, melhoria da qualidade da água, aumento da resiliência, promovendo uma economia sustentável em torno da floresta. Áreas restauradas também beneficiam toda a sociedade, pois preservam nascentes, protegem o solo, renovam o ar e sequestram carbono, mitigando as mudanças climáticas e diminuindo os riscos na produção de alimentos. Além disso, desempenham papel importante como infraestrutura natural: o plantio e conservação de florestas pode ser usado para melhorar a qualidade da água e diminuir riscos de inundações e deslizamentos nas cidades.
O programa Florestas do WRI Brasil gera e dissemina conhecimento e ferramentas, promove articulação e engajamento dos atores interessados na restauração da paisagem – como governos, empresas, produtores rurais e organizações da sociedade civil – contribui para melhoria de políticas públicas, mobilização de recursos públicos e privados e monitoramento dos resultados para dar escala à restauração florestal e reduzir o risco de desmatamento. Com esse trabalho, o WRI Brasil espera criar condições para o uso eficiente do solo brasileiro, conciliando a preservação e manutenção de serviços ambientais com o desenvolvimento de uma vibrante economia de produtos da floresta e agricultura de baixo carbono. Algumas ações dessa abordagem de trabalho são:
- O desenvolvimento de uma economia florestal através da restauração ecológica, silvicultura de espécies nativas e sistemas agroflorestais;
- A articulação com empresas, órgãos do governo, sociedade civil e produtores rurais para dar escala à restauração;
- A identificação de oportunidades de restauração da paisagem florestal e análise dos custos-benefícios das intervenções;
- O uso da infraestrutura natural para o abastecimento de água nas grandes cidades;
- A promoção da igualdade de gênero e da adaptação às mudanças climáticas;
- O desenvolvimento de sistemas de monitoramento para avaliar os resultados dos projetos e iniciativas de restauração e conservação;
- Implantação de unidades demonstrativas para convencer os produtores dos benefícios da restauração e conservação;
- A mobilização de cidades em prol da conservação e restauração de florestas; e
- A realização de diagnóstico participativo na identificação de oportunidades de restauração e mapeamento social da paisagem.
Essas linhas de trabalho têm como objetivo auxiliar o Brasil a atingir seus compromissos de restauração, em particular a meta da NDC brasileira no Acordo de Paris de restaurar 12 milhões de hectares até 2030 e o cumprimento do Código Florestal (lei federal 12.651 de 2012), e ao mesmo tempo gerar oportunidades de renda e emprego no campo através da cadeia da restauração e reflorestamento. Para atingir essa meta, o WRI Brasil trabalha em parceira com empresas, órgãos do governo e produtores rurais, e atua em coalizões como o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, e a Iniciativa 20×20.